Encafuados atrás das suas eminentes secretárias, topo de vão-de-escada, lá continuam os burocratas que julgam orientar-nos na sua porfiada demanda de nos infernizar dias contentes. Papéis atrás de papéis, requerimentos sem fim, certidões sempiternas, documentos essenciais para arquivos esquecidos, seguem-se uns atrás dos outros, numa interminável fila de árvores abatidas, transformadas em folhas sacrificadas.
Num sem-fim de dias repetidos, atiram-se de qualquer maneira e para todos os lados com o objectivo de nos travar, que nem Paulinhos Santos denodados, resgatando das nossas mãos as memórias de um passado guardado nos armários que tão ciosamente zelam.
Sabem-se inúteis e descartáveis, e por isso valorizam ainda mais as inutilidades de que se ocupam, mas conseguem sempre impingir a uma alma-gémea, situada num patamar superior, a ideia de que só assim a vida poderá continuar a existir nos seus labirínticos termos.
Mas não é que vivem felizes!?
Ai Saramago, Todos os Nomes, continuará sempre actual, neste nosso país de burocratas vestidos de cinzento e negro!
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