segunda-feira, 19 de abril de 2010

Elas

"Tratando-se de uma fase distinta do seu anterior trabalho, afasta-se da linha do 'expressionismo matérico com sinais da pop art' e envereda por um claro pendor figurativo, assumindo a clássica estrutura bidimensional da representação, com apontamentos remissivos para autores representativos da pintura moderna.
Os trabalhos apresentados dividem-se em duas séries distintas:  uma de trabalhos em técnica mista sobre tela, representando corpos femininos; outra de trabalhos em técnica mista sobre cartão, que representam personagens, também quase sempre femininas. Os corpos ou as personagens representados oscilam entre poses de sensualidade ou provocação."

São os generosos qualificativos e descritivos acima, extraídos do catálogo da exposição, que nos remetem para a obra do artista Eduardo Verde Pinho.
Às palavras prefiro, contudo, recordar vividamente os belos recortes das silhuetas, a exibição de corpos ora sensuais ora crus. São contornos resguardados por uma espécie de filtro, que a tela permite esconder atrás de um vidro fosco e o cartão revela à transparência.
São desafios contorcionados de figuras, que ora surgem desnudas e banhadas, ora revelam a cobertura de uma tensão constante.
Num traço levemente esbatido, pontilhado por gotículas de cores mortiças, sugestivas da luz do entardecer, ficam na memória muitos rostos por revelar e atitudes por escancarar.

Para ver, com olhos de reter, na Galeria Ap'Arte, à R. de Miguel Bombarda, 221, Porto, entre 17 de Abril e 29 de Maio.

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