Chegam de manhã, bem cedo. Ele é mais atrevido, o que até nem é habitual! Ela, mais contida, percorre o espaço atrás dele. Se não o soubesse, diria que eram um casal antigo. Demoram-se pouco. Aliás, a primeira visita é sempre um reconhecimento do local. Aproveitam para ver as vistas e perscrutar a presença de intrusos.
Da segunda vez, quase nem olham em volta. Têm a segurança da experiência anterior e não dão confiança a nada do que os rodeia. Senhores de todo o espaço, sabem que ninguém os repreenderá.
Assemelham-se um ao outro nos gestos e até nos comportamentos. Não há como enganar, são mesmo um casal clássico. Nas danças e contradanças, fazem bailaricos com um sentido próprio. Muito frequentemente esquecem-se do sítio onde estão e de quem os possa ver. Não são exuberantes, mas não deixam de se mostrar. Talvez gostem de ser o centro das atenções.
De repente partem. Não lançam aviso, não fazem alarido. À saída, nem se dignam cumprimentar quem os viu chegar ou vê partir. Mas aqui, normalmente, é ela que lidera. Como sempre, e também nos casais clássicos... A desconfiança é feminina.
Voltam mais vezes e nem sempre se demoram muito. Ao longo do dia, os horários vão-se modificando. E os tempos de ida e vinda também. É evidente que a meteorologia faz toda a diferença. Nos dias de chuva andam menos por ali. Pois claro. São um casal, mas não são completamente tolos.
Um dia, desempoeirado e garboso, ele empertigou-se. Afrountou-a de peito aberto. Ela recuou alguns passos. Ele perseguiu-a. Temi o pior. Acabaram por se esconder no meio dos arbustos. Quando voltaram ele parecia algo descomposto. Ela não. Mais esbelta. Mais segura de si. Partiram pouco depois, a toda a pressa. E passaram o dia naquilo. Ora vinham, ora iam.
Ele nunca deixa os tons de preto. Assentam-lhe bem. Tornam-no elegante. O destaque é conseguido num ou noutro pormenor. Às vezes pelo simples reflexo da luz. Outras, por um detalhe notório. Ela, mais discreta, por vezes confunde-se com a paisagem. O castanho acinzentado é a sua cor preferida, quase única. Feminina e submissa, deixa-o destacar-se. Ele que brilhe mais...
À noitinha vão-se e parecem não voltar mais. Devem ter um lar acolhedor algures, perto. Certamente que ela terá mais tarefas domésticas do que ele, porque ele anda por fora até mais tarde. Às vezes vejo-o sozinho, por aí. Espero que um dia tragam os filhos. Como qualquer casal clássico!
São o casal de melros que todos os dias visita o meu jardim!
Da segunda vez, quase nem olham em volta. Têm a segurança da experiência anterior e não dão confiança a nada do que os rodeia. Senhores de todo o espaço, sabem que ninguém os repreenderá.
Assemelham-se um ao outro nos gestos e até nos comportamentos. Não há como enganar, são mesmo um casal clássico. Nas danças e contradanças, fazem bailaricos com um sentido próprio. Muito frequentemente esquecem-se do sítio onde estão e de quem os possa ver. Não são exuberantes, mas não deixam de se mostrar. Talvez gostem de ser o centro das atenções.
De repente partem. Não lançam aviso, não fazem alarido. À saída, nem se dignam cumprimentar quem os viu chegar ou vê partir. Mas aqui, normalmente, é ela que lidera. Como sempre, e também nos casais clássicos... A desconfiança é feminina.
Voltam mais vezes e nem sempre se demoram muito. Ao longo do dia, os horários vão-se modificando. E os tempos de ida e vinda também. É evidente que a meteorologia faz toda a diferença. Nos dias de chuva andam menos por ali. Pois claro. São um casal, mas não são completamente tolos.
Um dia, desempoeirado e garboso, ele empertigou-se. Afrountou-a de peito aberto. Ela recuou alguns passos. Ele perseguiu-a. Temi o pior. Acabaram por se esconder no meio dos arbustos. Quando voltaram ele parecia algo descomposto. Ela não. Mais esbelta. Mais segura de si. Partiram pouco depois, a toda a pressa. E passaram o dia naquilo. Ora vinham, ora iam.
Ele nunca deixa os tons de preto. Assentam-lhe bem. Tornam-no elegante. O destaque é conseguido num ou noutro pormenor. Às vezes pelo simples reflexo da luz. Outras, por um detalhe notório. Ela, mais discreta, por vezes confunde-se com a paisagem. O castanho acinzentado é a sua cor preferida, quase única. Feminina e submissa, deixa-o destacar-se. Ele que brilhe mais...
À noitinha vão-se e parecem não voltar mais. Devem ter um lar acolhedor algures, perto. Certamente que ela terá mais tarefas domésticas do que ele, porque ele anda por fora até mais tarde. Às vezes vejo-o sozinho, por aí. Espero que um dia tragam os filhos. Como qualquer casal clássico!
São o casal de melros que todos os dias visita o meu jardim!
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